Designers de todo o mundo comentaram o vestido de Catherine Middleton, agora Duquesa de Cambridge e princesa para uma horda que anseia vê-la sua rainha. Muita polêmica causou o traje cuja autoria foi o segredo mais bem guardado da década. Após os primeiros suspiros de "ela está linda", "o vestido é maravilhoso", começou um tiroteio em terras brasilis, reclamando que o vestido era simples demais e exigindo que a noiva do herdeiro do trono da Grã Bretanha tivesse sido mais ousada. Até absurdas comparações - como se indigna fosse a semelhança - com o vestido usado ano passado pela cantora Claudia Leite (tudo me leva a crer que Sarah Burton, diretora de criação da casa Alexandre McQueen, tivesse mais o que fazer do que folhear a revista Caras para copiar o modelo da cantora baiana).
No resto do mundo, onde Claudia Leite ainda não é popular, as referências foram Grace Kelly e a própria Rainha Elizabeth II fontes incontestáveis, eu suponho.
Kate poderia ter inovado mais do que fez? Seguramente. Mas esse não era seu propósito. Não se tratava de disputar o lugar de noiva mais linda, mas de apresentar-se como alguém - esse alguém, uma plebéia - que um dia seria rainha. E nessas condições isso precisava estar muito bem provado, pois este momento, como outros anteriores, é crucial para renovação e consolidação da instituição monárquica - a realeza britânica tem sempre conseguido realizar um casamento em momentos de crise.
Ela inovou em muita coisa e acompanhou de perto o processo de criação de tudo aquilo que estaria envolvido em seu casamento, assim como William. O detalhe dos nomes das mesas no jantar comemorativo após a boda foi um exemplo claro disso: cada mesa foi nomeada com uma referência à convivência dos dois e a lugares especiais para cada um deles. Mas sua apresentação precisava estar rigorosamente correta. A simplicidade do modelo; a silhueta marcada; a cauda pregueada no quadril em camadas de seda marfim formando pétalas (marca registrada de McQueen, assim como o estilo vitoriano); o véu quase inexistente, que deixava vislumbrar seu belo rosto, já foram inovações importantes.
O vestido de Kate, um clássico que se manterá atual quando observarmos as fotos daqui a vinte anos, não é apenas um vestido, é um verdadeiro compêndio de reafirmação das mais enraizadas tradições da Grã Bretanha, como tudo o mais nesse evento - o bolo, por exemplo, além de estar decorado com os símbolos dos países do reino, refletia a arquitetura interna do Palácio de Buckingham. Na decoração de Westminster Abbey nenhuma flor estrangeira foi usada, todas eram nativas dos solos britânicos. Nos bordados e rendas do vestido, além das flores representativas de cada país - o cardo da Escócia, o trevo de quatro folhas da Irlanda, o narciso do país de Gales e a rosa da Inglaterra - estava tecido o reconhecimento do trabalho manual pelas mãos das bordadeiras da tradicional Royal School of Needlework, que trabalharam sem saber quem era o autor do vestido.
Todo o evento demonstrava que William e Catherine compreendiam bem o seu papel. E a tônica do binômio simplicidade e modernidade era também uma mensagem a um povo que, em plena globalização, vê na monarquia a única instituição britânica que não muda, e que assim mantém seu sentimento patriótico. O vestido, mais do que simples vestimenta, mostra que Catherine sabe quem ela é e que portava o vestido de quem vai ser rainha.
O que pensam os designers:
Sarah Burton, que subiu para o top do mundo da moda com a escolha da casa de Alexander McQueen para criar o vestido da noiva, discreta, falou pouco da própria obra, dizendo que o vestido era a penas uma peça naquele grande evento. Ela divulgou uma nota em que diz que Kate esteve próxima durante todo o processo e que ela desejava que seu vestido valorizasse o trabalho manual. Isso definitivamente aconteceu. Enquanto realizavam o apliqué as bordadeiras lavavam as mãos a cada 30 minutos para manter a renda e as linhas absolutamente limpas; as agulhas eram trocadas a cada 3 horas para que fossem usadas apenas enquanto estivessem afiadas. Sarah trabalhou pessoalmente na escolha das rendas para manter a harmonia da cor marfim e para compor intrincados desenhos, como num quebra-cabeças. Cada motivo era aplicado a cada dois ou três milímetros no tule de seda com pontos mínimos. Alguns eram tão pequenos que usavam apenas cinco pontos. Não há nós nas linhas (30 cm cada pedaço). O acabamento foi feito com micro pontos sobrepostos, arrematando a costura anterior. Verdadeira couture!
O resultado desse trabalho, que se viu no dia 29, funcionou na opinião de David Emanuel, criador do vestido de noiva da Princesa Diana, em 1981, uma peça de mangas gigantes bufantes ("era o estilo romântico da época" definiu às vésperas do casamento de William e Catherine). Para Emanuel "a simplicidade [do vestido] é dramática" e cumpriu seu papel.
Ela inovou em muita coisa e acompanhou de perto o processo de criação de tudo aquilo que estaria envolvido em seu casamento, assim como William. O detalhe dos nomes das mesas no jantar comemorativo após a boda foi um exemplo claro disso: cada mesa foi nomeada com uma referência à convivência dos dois e a lugares especiais para cada um deles. Mas sua apresentação precisava estar rigorosamente correta. A simplicidade do modelo; a silhueta marcada; a cauda pregueada no quadril em camadas de seda marfim formando pétalas (marca registrada de McQueen, assim como o estilo vitoriano); o véu quase inexistente, que deixava vislumbrar seu belo rosto, já foram inovações importantes.
Detalhe do bordado no traje da noiva
Segredo mantido: as bordadeiras trabalharam "no escuro" apenas suspeitando que se tratava do vestido da noiva por causa das flores-símbolo dos países do Reino Unido
O que pensam os designers:
Sarah Burton, que subiu para o top do mundo da moda com a escolha da casa de Alexander McQueen para criar o vestido da noiva, discreta, falou pouco da própria obra, dizendo que o vestido era a penas uma peça naquele grande evento. Ela divulgou uma nota em que diz que Kate esteve próxima durante todo o processo e que ela desejava que seu vestido valorizasse o trabalho manual. Isso definitivamente aconteceu. Enquanto realizavam o apliqué as bordadeiras lavavam as mãos a cada 30 minutos para manter a renda e as linhas absolutamente limpas; as agulhas eram trocadas a cada 3 horas para que fossem usadas apenas enquanto estivessem afiadas. Sarah trabalhou pessoalmente na escolha das rendas para manter a harmonia da cor marfim e para compor intrincados desenhos, como num quebra-cabeças. Cada motivo era aplicado a cada dois ou três milímetros no tule de seda com pontos mínimos. Alguns eram tão pequenos que usavam apenas cinco pontos. Não há nós nas linhas (30 cm cada pedaço). O acabamento foi feito com micro pontos sobrepostos, arrematando a costura anterior. Verdadeira couture!
O resultado desse trabalho, que se viu no dia 29, funcionou na opinião de David Emanuel, criador do vestido de noiva da Princesa Diana, em 1981, uma peça de mangas gigantes bufantes ("era o estilo romântico da época" definiu às vésperas do casamento de William e Catherine). Para Emanuel "a simplicidade [do vestido] é dramática" e cumpriu seu papel.
Em um desses lances surpreendentes do czar da moda, Karl Lagerfeld concordou em participar de transmissão ao vivo na televisão France 2 para comentar o casamento e disse: "Ela é muito elegante. O vestido é clássico e combina muito bem com a decoração de Westminster. Quase me faz lembrar do casamento de Elizabeth II, dos casamentos reais nos anos cinqüenta. A proporção da cauda é boa. A renda é muito bonita. E gosto muito do véu", que criticado por muitos por ser curto, o designer da casa Chanel considerou de comprimento "adequado".
Carolina Herrera: "O vestido era absolutamente perfeito para ela. O importante era que ela parecia se sentir muito confortável e se movimentou muito bem nele. O vestido não se mexeu. Eu adorei as mangas longas, a renda, véu curto com a tiara [de platina e diamantes] e o cabelo dela. Se eu tiver que dar uma nota de 1 a 10, dou 11. um 11. Ela foi além."
Catherine Malandrino: "Eu achei o máximo ela ter escolhido um nome ícone britânico. Também gostei de terem usado a Escola Real de Bordado para a renda. O vestido era simples, natural e régio".
Vera Wang: "Isso foi ótimo para Sarah Burton e, se foi intencional ou acidental, tudo funcionou. É incrível e maravilhoso, para quem não costuma fazer vestidos de noiva, demonstrar tal força. O vestido foi lindamente cortado, de forma sutil. Achei o corpete de renda modelado e a saia ampla, sem pregas ou franzidos, corretíssima - a versão moderna de uma tradição que nunca estará ultrapassada. Eu, no entanto, teria preferido um decote fechado. O véu, para mim, é tão importante quanto o vestido. O de Kate estava perfeito: sem decoração, barrados e repuxados. Como não havia volume, não haviam pregas enrugadas sobre o rosto. Acrescentou mistério e permitiu que a noiva chegasse coberta e deixasse (a nave abadia) com o rosto emoldurado. Não achei que ela faria um fashion statement ou fosse fashion-forward e sim passar uma mensagem bem mais além da moda: eles [Will e Kate] querem ser levados a sério; eles sabem que se tornarão Rei e Rainha da Inglatera e querem demostrar que estão à altura da tarefa de abraçar tudo que vem com a monarquia. E com isso, naturalmente, era preciso que houvesse alguma pompa e circunstância - mas foi tudo com grande dignidade e disciplina, refletindo a cultura britânica. E mesmo assim, foi tão romântico, e pareceu refletir o amor deles e o futuro dos dois."
Rebecca Taylor: "O vestido de Kate era bonito, recatado e jovem. O véu era suave e bonito, mas eu teria gostado que tivesse mais volume A tiara acrescentou a quantidade de brilho perfeita para uma princesa moderna. Kate manteve a tradição o valor ideal de ajuste brilho de uma princesa moderna Kate manteve a tradição em que a tiara Cartier 1936 era seu "algo velho" e o anel de safira que pertenceu a Diana como o seu "algo azul". Ela é linda e ele é um grande príncipe, eu desejo a eles boa sorte! "
Monique Lhuillier: "Fiquei super empolgada quando soube que Sarah Burton havia feito o vestido. Ela realmente recolheu os pedaços [depois da morte de Alexander McQueen] e fez a Casa ressurgir. A seleção do designer também mostrou que ela [Kate] também assume riscos e isso é sensacional. O melhor acessório foi o brilho nos olhos. Você podia ver o amor entre eles no modo como olhavam um para o outro. Apesar de terem dois bilhões [de pessoas] assistindo, ainda foi o momento deles. "
Prabal Gurung: "Eu achei o [vestido] bonito e apropriado. Um casamento de alto nível como esse não é o lugar para fazer um momento fashion louco. Parece um paradoxo, mas foi um momento pessoal em um lugar muito público. O vestido disse claramente que ela é uma menina moderna e desta geração. Não foi McQueen em seu senso teatral, mas McQueen em seu sentido tranquilo, mas bonito. Adorei a animação e como o véu de tule de seda estava se movendo suavemente ao vento. "
Jason Wu: "O vestido de Catherine é deslumbrante. Os detalhes foram muito bem feitos e adorei a ênfase no artesanato e uso de talentos britânicos. Sua escolha para prestar homenagem a Alexander McQueen foi ao mesmo tempo comovente e empolgante. "
Isaac Mizrahi: "Eu adorei o vestido. Gosto de coisas muito simples agora, então esse foi um vencedor. Moveu-se lindamente e com muito orgulhoso de sua figura. Ela estava linda."
Diane von Furstenberg: "O vestido era lindo. Eu acho que ela é irresistível, ela é tão bonita. Estou feliz, por que foi McQueen. Foi absolutamente a coisa certa a fazer. Eles fizeram [o vestido] simples, por isso não foi costumey mas um vestido de noite linda. Eu fiquei feliz por Sarah, feliz para o MET (Metropolitan Museum of New York tem exposição em homenagem ao designer morto em 2010) e feliz por McQueen."
Agnès B.: "Na noite passada [véspera do casamento real] antes de cair no sono, vários vestidos de casamento passaram pela minha cabeça e me concluí naquele usado pela princesa Grace de Mônaco, pensando que poderia talvez pudesse ser atualizado com um decote em "V". Para minha alegria constato hoje (dia 29) que Catherine, a charmosa Duquesa de Cambridge, transformou minhas reflexões noturnas na essência da elegância, graças a Sarah Burton. Considerei todos os convidados belamente vestidos, assim como seus chapéus! Certamente é só na Inglaterra que são os chapéus são tão variados, e usados tão bem."
Nicole Miller: "O ajuste foi incrível. Parecia que era sua segunda pele pela forma como a renda contornava a silhueta. Fiquei realmente impressionada. É engraçado, no desfile de Outono que Sarah Burton fez para McQueen, haviam cinco ou seis vestidos no final. E lembro de ter pensado: 'Que é isso? De que se trata?' O casamento deve tevia estar no fundo de sua mente."
Tory Burch: "Kate estava deslumbrante. A escolha de Sarah Burton para Alexander McQueen reflete a estética moderna e o estilo de Kate, enquanto os detalhes em renda feita à mão e o bordado artesanal são uma homenagem à grande tradição britânica. A renda, as linhas limpas do vestido, a tiara da rainha Elizabeth - cada detalhe foi impressionante".
Donna Karan: "O vestido era extremamente elegante. Para mim, não era tanto sobre o vestido, tudo era sobre ela. Ela foi a noiva mais bonita do mundo. "
Francisco Costa: "O vestido de Kate tinha uma elegância clássica com um toque de modernidade. A obra soberbamente detalhanda realmente caracteriza a mão de perito de Sarah."
Cynthia Rowley: "I love it: McQueen for the Queen! O vestido tem um lindo e intrincado trabalho mas com silhueta clássica e contida, que destacou a beleza de Kate em vez de fazer sombra a ela. Com toda a expectativa em torno do vestido, ela foi muito inteligente em optar por algo discreto. Eu amei todos os detalhes contemplados: ela até escolheu um buquê com Lily-of-de Valley, uma flor do mês de maio."
Especialistas avaliaram o vestido de Kate em torno de £100 mil, o equivalente a R$ 260 mil.
A propósito do vestido de Claudia Leite
O traje de Cláudia foi criado em moulage (moldado no corpo da noiva) pelo estilista carioca Carlos Tufvesson com renda francesa e zibeline de seda italiana, segundo informação do designer. O modelo foi inspirado no vestido de casamento da avó da cantora, Nilza Leite. O véu de cinco metros foi preso por uma tiara em ouro branco e diamantes.
Fotos: reprodução
Depoimentos dos designers: reunidos por WWD
