O regente e a trupe

Corteo, produção que o Cirque du Soleil apresenta em Brasília até dia 8 de setembro, é um  espetáculo especial para os brasileiros, na opinião do general manager Patrick Flynn, que conversou com o Luxo Simples Assim na noite de Dress Rerearsal da companhia na noite de quinta-feira. O show estréia hoje ao lado do ginásio Nilson Nelson.

Patrick Flynn: comandante de uma pequena cidade móvel

Em perfeito portugues, o canadense disse que "as raízes latinas do Brasil fazem com que a apresentação de Corteo seja mais significativa aqui do que na maioria dos países pelas referências culturais que este espetáculo tem: está ambientado na Itália do Século XVIII, a palavra falada é conhecida, não se trata de lingua inventada, como em outras montagens, mas tem italiano, espanhol e português. É interessante observar a reação do público aqui, muito diferente de outros países. É muito calorosa. O brasileiro abraçou o show."

Essas características são também um marco na história do Cirque du Soleil na opinião de Patrick. Pela primeira vez uma produção "tem referência histórica e apresenta um enredo linear, com personagens humanos" e, seguindo a tradição do Cirque na "atenção aos detalhes, o aspecto histórico foi levado completamente a sério". Ele citou como exemplo os figurinos, criados por Dominique Lemieux. "As roupas seguem o estilo da época e foram usados tecidos de acordo com o período, de fibras naturais: seda, algodão, linho, lã." Até as malhas seguem esse padrão, estão longe de lembrar as lycras tecnológicas e brilhantes de outros espetáculos da companhia. São de algodão. "A equipe de figurinos teve muito trabalho na pesquisa de materiais e na criação de peças que garantissem conforto aos artistas e facilitassem seu desempenho, mantendo as características de tecidos que lembrassem os disponíveis naquela época". Corteo tem mais de 260 peças de figurinos. 

Patrick destacou que todos os figurinos e peças utilizadas em cena são fabricados no próprio Cirque, na sede em Montreal. "O trabalho feito em casa tem maior controle e qualidade e o detalhe é muito importante para a criação e a apresentação dos espetáculos do Cirque du Soleil". Ele apontou o tecido que faz a ambientação da tenda Tapis Rouge, onde acontecia a entrevista: "a impresão em silk scrren foi feita no Circo - queremos manter esse nível de detalhe".

A maquiagem dos artistas também obedece a esse critério. Como os personagens são humanos, à excessão dos anjos é claro, ela é leve. "A maquiagem é natural, a platéia terá a impressão de que os artistas não estão maquiados. Podem se maquiar em dez minutos, em contraste com um espetáculos como Varekai (apresentado no Brasil no ano passado), em que pode demorar mais de uma hora."

A música tem papel preponderante em Corteo, ressaltando o lirismo do espetáculo. E para Patrick elas contribuem para a identificação do público no Brasil com o show. O brasileiro sai do espetáculo cantarolando as músicas." Ele explicou que a composição da trilha sonora aconteceu durante o processo de criação do show. "Danielle (Finzi Pasca, criador de Corteo) é muito musical e algumas das múiscias tiveram sua colaboração". 

Para Patrick o aspecto mais relevante de Corteo são os valores que o show abraça e transmite: a humanidade de seus personagens, a importância das coisas simples, de suas vivências, da relação com as pessoas que passam por suas vidas.

Patrick coordena a turnê, administra uma pequena cidade móvel, comanda e cuida de 136 pessoas, entre artistas e técnicos, de 25 nacionalidades diferentes. Entre o elenco de Corteo, quatro brasileiros.

Os brasileiros

Corteo tem alguns brasileiros em posições fundamentais no espetáculo. Camila Comin, paulista radicada em Curitiba, é a Anjinha, anjo azul, que protege Mauro, o Palhaço Sonhador, personagem central, e lhe ensina a voar. Ela é a guia iluminada do palhaço, em uma referência a Beatriz, que guiou Dante pelo Paraíso. Ela é ex-ginasta olímpica e foi convidada a integrar o Cirque du Soleil quando se aposentou. Ela está na companhia desde 2007 e já rodou o mundo com Corteo. Atualmente faz também no sensacional Paradis, número de trapezistas sem trapézios. Ela e outras três mulheres voam no espaço e são agarradas e lançadas por quatro homens de força admirável.  

 Camila como uma das imagens símbolo de Corteo

 Ousadia e confiança absoluta nos parceiros em Paradis

Marcelo Iguatemy da Silveira, nascido em Florianópolis em 1968, representa o Palhaço Branco, um dos personagens principais do espetáculo. O artista é conhecido no Brasil como Marcelo Perna e além de atuar no cinema, teatro e cena músical, é personagem fundamental no carnaval de floripa, onde foi um dos fundadores da Escola de Samba União da Ilha da Magia. Perna se juntou ao Cirque em janeiro do ano passado, depois de ter aprovada sua pretenção de participar do espetáculo que viria ao Brasil. Embora o Palhaço Branco seja o papel que mais executa, ele interpreta eventualmente Mauro.

 Marcelo Pena no papel do Palhaço Branco

Fábio Santos, campeão catarinense de ginástica olímpica, nasceu em Itajaí e integrou a companhia canadense em 2009, aos 22 anos. Com a preparação e o aprendizado no Cirque, passou de atleta a acrobata e tinha um leading role no espetáculo Totem, que deixou para participar de Corteo, onde faz acrobacias sincronizadas em barras fixas com mais treze companheiros, que por um triz não se chocam no ar no número Tournik, claramente inspirado na Espanha. 

Tournik: coordenação, rapidez e precisão com a participação de Fábio Bueno

Romina Aurich Mendez, de São Paulo, participa de Chandeliers, quadro charmoso em que quatro ex-amadas de Mauro fazem parte de um sonho de acrobacias em enormes lustres sobre a cama do palhaço.

Em roupas íntimas da época Romina é um dos amores antigos de Mauro

Fotos: Daniela Braga
Imagem de Chandeliers: MRossi para Cirque du Soleil

Saiba mais sobre Corteo em Brasília nos links:
o cortejo imaginario do cirque du soleil chega a brasilia
la vile du soleil

Atualizado em 7/08/2013 quando o fim da temporada mudado de 25 de agosto para 8 de setembro de 2013.