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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

De repente, o futuro

A mega exposição Oneness, da artista japonesa radicada em Nova York, Mariko Mori (Tokyo, 1967), sob curadoria de Nicola Goretti, iniciou no CCBB Brasília sua primeira passagem pelo país. É programa obrigatório, pela importância da artista na cena contemporânea e pela experiência sensorial e lúdica que proporciona. 

Mariko Mori veio a Brasília para a vernisage - foto de Lula Lopes

Mori especializou-se em fotografia, moda e design pelo Bunka Fashion College de Tokyo, mudou para Londres para frequentar o Chelsea Art College em 1988 e estabeleceu-se em Nova York (onde divide sua base com Tokio) para atender ao programa de educação avançada para artistas no Whitney Museum. Hoje pertence ao grupo dos mais importantes artistas contemporâneos, criando peças com materiais altamente tecnológicos, impregnados de valores orientais e elementos da cultura pop, que entende como linguagem universal.

Wave Ufo (1999-2002), foto de Richard Learoyd

A estrela da exposição é a instalação interativa Wave Ufo, uma capsula construída com aluminio, magnesio, fibra de carbon, technogel e fiberglass, que ainda que apesar de seis toneladas, instalada no Pavilhão de Vidro do CCBB com capacidade para três pessoas experimentarem sensações de uma viagem que conecta o tridimensional, o espiritual e o temporal. O visitante é convidado a uma viagem mental que combina impulsos das ondas cerebrais dos participantes com computação gráfica, animação e som. Cada experiência é única, nunca se repete. 

Como a nave/escultura tem capacidade limitadíssima, imagino que as filas serão imensas para participar da experiência, então posto aqui um vídeo que mostra a reação dos visitantes na 51ª Bienal de Arte Contemporânea de Veneza, em 2005. O documentário fez parte da tese da jovem italiana Antonella Coppola, na Academia de Arte de Veneza (2006).



Wave UFO a Venezia: Reazioni from antonella coppola on Vimeo.


Mori tem trabalhado sempre na integração do ser humano com a máquina, com a natureza e com o espiritual. E busca derrubar barreiras: a origem dos povos é a mesma, somos todos parte do todo, afirma, lembrando que nesse entender consiste o título da mostra - oneness, do inglês, significa a qualidade ou estado de ser uno (todos somos um), completo e singular, em perfeita harmonia. 

Oneness (2003), foto de Sergei Illin

O trabalho que dá nome à exposição apresenta um círculo de seis figuras, confeccionadas em technogel, medindo 1,35 m, que interagem ao toque do visitante. Segundo a artista, a obra Oneness é uma alegoria da conectividade, uma representação do desaparecimento dos limites entre si mesmo e os outros; um símbolo da aceitação do outro e um modelo do conceito budista de unidade, de que o mundo existe como um só.

Transcircle (2004)

Outra escultura interativa fundamental na obra da artista é Transcircle, fruto das pesquisas feitas por Mori em sitios de monolitos no Japão e Escócia. Um círculo formado por nove pedras de vidro coloridas e brilhantes, com 1,1 m de altura, é a reinterpretação desses conjuntos de monolitos criados em eras ancestrais. Um programa de computador permite que a obra reaja a impulsos externos, assim como os modelos antigos buscavam uma conexão universal que tornasse o tempo palpável.

A mostra faz um passeio pela obra completa de Mariko Mori, incluindo os primeiros trabalhos, de meados da década de 90. O trabalho da artista faz parte de coleções importantes como Centre Georges Pompidou, em Paris; Israel Museum, de Tel-Aviv; Museum of Contemporary Art, em Chicago; Prada Foundation, na Italy; The Los Angeles County of Museum Art, na Califórnia e Museum of Contemporary Art, Miami. A vinda da exposição Oneness ao Brasil é uma iniciativa do Grupo AG, sob coordenação de Goretti. De Brasília, a exposição segue para o CCBB do Rio de Janeiro (9 de maio a 17 de julho) e de São Paulo (22 de agosto a 23 de novembro de 2011).